Queniano Ngugi wa Thiong’o lidera apostas para Nobel de literatura

É sempre assim: aproxima-se a data do Nobel de Literatura, que será anunciado nesta quinta (5), e as casas de aposta britânicas começam a fervilhar com os palpites. Quase nunca estão certos, mas, em 2016, a favorita dos clientes dessas casas, Svetlana Aleksiévitch, realmente levou o caneco -na verdade, uma medalhinha- para casa. Mas vale lembrar que a autora de Belarus só disparou como possibilidade às vésperas do prêmio. Ano passado, as apostas no então improvável Bob Dylan também dispararam só no último minuto, levando-o rapidamente ao segundo lugar -o que levantou a suspeita antiga de que alguns dos apostadores têm informações privilegiadas perto do anúncio oficial. Quem está no topo desta vez é um nome que costuma circular há anos nessas listas, o queniano Ngũgĩ wa Thiong’o, 79, autor de “Um Grão de Trigo” (Alfaguara) e “Sonhos em Tempo de Guerra” (Biblioteca Azul). Pelo segundo ano consecutivo, ele é o favorito na Ladbrokes, principal casa de apostas britânica, com 4/1 (ou seja, quem aposta R$ 1 recebe R$ 4 de volta se ele for eleito). Conhecido nas rodas literárias internacionais -ele foi perfilado, na revista “The New Yorker”, por John Updike (1932-2009)- Thiong’o veio ao Brasil, em 2015, para a Flip. Ele faz parte da geração de escritores que despontou dentro das lutas por independência das antigas colônias europeias -artistas que se dividiam entre a militância e a necessidade de criar uma literatura pós-colonial. Foi para não usar a língua do colonizador que Thiong’o deixou de usar o inglês, nos anos 1970, e passou a escrever no idioma gikuyu. MURAKAMI Em segundo lugar, vem o candidato eterno das casas de apostas -e que nunca vence-, o japonês Haruki Murakami, 68, com 5/1 (quanto menos pessoas apostando em um autor, maior o prêmio). Na sequência, vêm Margaret Atwood (6/1) e o poeta sul-coreano Ko Un (8/1), com Amós Oz, o italiano Claudio Magris e o espanhol Javier Marías empatados em quinto (10/1). Entre os que têm menos chance de ganhar, segundo os apostadores, estão Karl Ove Knausgard, Hillary Mantel e Don Patterson. Apesar do bafafá que os palpites causam, um jogo de futebol pode ter cem vezes mais apostas do que o Nobel na Ladbrokes. O histórico dos apostadores também não é dos melhores -em 12 anos, eles só acertaram o ganhador 4 vezes. Se o prêmio seguir a tendência manifestada desde sua criação, em 1901, será eleito um escritor mais velho. Na sua primeira década, a média de idade dos premiados era 66 anos. Nos últimos anos, ela saltou para 72.