Reforma política: é a hora de fazermos a nossa parte
No início desta semana a reforma política entrará novamente na pauta de discussão da Câmara dos Deputados. A fim de vigorar nas eleições de 2018, as alterações precisam estar aprovadas até o dia 7 de outubro. As principais medidas encampadas pelos maiores partidos, e que contam com a reprovação da sociedade, são o fundo para financiamento de campanhas no valor de R$ 3,6 bilhões, constituído com o dinheiro dos nossos impostos, e o sistema de votação apelidado de distritão. A urgência, por parte dos parlamentares, em aprovar essas novas regras, mesmo que transitórias e sem nenhuma discussão com a sociedade, deixa claro o objetivo: dificultar a tão desejada renovação política, mantendo no poder e com foro privilegiado os atuais mandatários. As decisões decorrentes de uma reforma política têm impacto nos mandatos e, portanto, afetam diretamente os parlamentares que estão tratando da questão. Dessa forma, o recomendável é que essas medidas entrassem em vigor apenas em pleitos mais distantes. Evitaríamos assim o que hoje é evidente: nossos congressistas, em grande parte, legislam em causa própria ou negociam seus votos em troca de benefícios. Caso tivéssemos dos nossos representantes o que efetivamente se espera deles –uma preocupação com a nação e não apenas com as próximas eleições– as propostas seriam bastante distintas. Voto facultativo, fim de recursos públicos para partidos, extinção do horário eleitoral “gratuito” e permissão para candidaturas avulsas são alguns exemplos do que seria uma reforma política desejada. Com essas medidas o resultado seria a possibilidade de uma maior alternância de poder, uma representatividade adequada, mais opções para os eleitores, maior liberdade e respeito aos recursos dos pagadores de impostos. A desfaçatez das medidas propostas, notadamente o aumento de recursos públicos para partidos, é tão contrária aos interesses da população que exponencializa a rejeição aos quadros políticos atuais e reforça o desejo de renovação do Congresso. Os parlamentares sabem desse risco, mas se dividem em três grupos: uma minoria se posiciona, ao lado do cidadão, contra essa reforma; um segundo grupo prefere aguardar e mensurar a intensidade da pressão popular para decidir o seu voto; e um terceiro, que acredito ser a maior parte, aposta ainda na pouca memória do brasileiro e no desinteresse pela política, para defender e aprovar o indefensável. Cabe a cada um de nós cumprir o nosso papel. Vamos identificar os três blocos. Devemos apoiar o primeiro. Pressionar duramente o segundo. E anotar o nome de todos os integrantes do último grupo para que em 2018 sejam substituídos por pessoas que, de fato, nos representem. Temos um longo caminho para reconstrução do Brasil e será a nossa determinação e engajamento, nas causas prioritárias, que definirão a velocidade e o sucesso das mudanças que queremos. Acompanhar e influenciar o andamento dessas votações é o início do trabalho de renovação. Vamos fazer a nossa parte.