Reforma promete resgatar projeto original do edifício Prudência

Por muitos anos, reformas em prédios históricos causavam arrepios. Trocavam-se materiais nobres por cópias baratas e acrescentavam-se muros e guaritas sem a menor preocupação estética. Já o edifício Prudência, obra-prima da dupla Rino Levi e Burle Marx, deve ganhar um restauro valorizador. O jardim nos fundos, mutilado para criar mais vagas de garagem, será refeito. Os imponentes pilares marrons na entrada, que foram fechados com esquadrias nos anos 1970, voltarão a ficar livres, em obra que será comandada pelo arquiteto Gui Paoliello. O Prudência foi o primeiro grande condomínio da avenida Higienópolis. Concebido durante a Segunda Guerra, quando a elite ainda se negava a morar em apartamentos, o Prudência venceu preconceitos. Oferecia unidades com metragem de 315 a 350 metros quadrados e quatro dormitórios com paredes dispensáveis, permitindo rearranjos para quartos maiores ou menores. Belos armários de madeira serviam de divisória entre quartos e o corredor, com dois metros de largura. Criada em 1930, a Prudência Capitalização, Companhia Nacional para Favorecer a Economia era uma rara empresa autorizada pela ditadura Vargas a oferecer títulos de capitalização. Entre seus maiores acionistas, estavam a Usina Esther e as famílias Alves de Lima e Toledo Lara. O edifício foi vitrine da Prudência, mas o retorno financeiro não deve ter estimulado a empresa a produzir outros condomínios do estilo. Com problemas políticos e de caixa, teve sua licença cassada em 1959, pelo então presidente Juscelino Kubitschek. * Edifício Prudência (1944) Av. Higienópolis, 235