Soja cai em Chicago pressionada por combinação de fatores, mas dólar puxa preços no BR
Depois de voltar do feriado nos EUA atuando com estabilidade na Bolsa de Chicago, os futuros da soja foram intensificando suas perdas e terminaram o dia cedendo entre 6,50 e 7,50 pontos nos principais vencimentos nesta terça-feira (22). Segundo explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze,da Brandalizze Consulting, uma combinação de fatores pesou sobre as cotações neste pregão.
Entre os fatores de pressão estão os embarques norte-americanos ainda lentos de soja nesta temporada. Apesar de um bom volume reportado nesta semana pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), ainda assim o número é baixo e fica aquém do esperado pelo mercado.
Na semana encerrada em 17 de janeiro, os EUA embarcaram 1.110,713 milhão de toneladas de soja, enquanto as projeções variavam entre 840 mil e 1,28 milhão de toneladas. No acumulado da temporada, os embarques somam 19.508,020 milhões de toneladas, contra mais de 32,2 milhões no mesmo período do ano passado.
O departamento norte-americano, assim como outros setores do governo dos EUA, está parado, mas consegue repassar esses números. Ainda assim, o mercado está vazio de dados oficiais dos EUA, o que mantém ainda mais pressionado. E essa falta de informação é mais um fator negativo para a commodity.
“Como o USDA está parado, as informações de exportações, safra, estão parados. O relatório de embarques é montado pelos portos americanos e passam para o USDA os volumes dos produtos americanos e o USDA apenas repassa esses dados, então eles continuam saindo normalmente”, explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.
Ainda segundo o executivo, outro fator que ajudou a pesar sobre as cotações foi a alta do dólar. Não só frente ao real, mas diante de uma cesta de principais moedas, a americana subiu. O movimento acaba por deixar os produtos americanos mais caros, portanto, menos competitivos e em um mercado que já vem mantendo, apesar da falta de direção, um viés baixista, o impacto disso acaba sendo ainda mais agressivo.
O dólar terminou o dia com alta de 1,25% e valendo R$ 3,8057.
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Complementando o quadro de fatores negativos, também segundo Brandalizze, houve ainda a negativa dos EUA à uma reunião preparatória com a China antes do encontro que acontece entre os dias 30 e 31 de janeiro. As informações partem do jornal Financial Times.
E como noticiou a Reuters, “as ações norte-americanas ampliavam perdas e o dólar enfraqueceu contra o iene depois da publicação do Financial Times, em meio a preocupações de que a guerra comercial iniciada por Washington possa continuar atingindo a economia global”.
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Preços no Brasil
No Brasil, os preços subiram acompanhando a alta do dólar, porém, de forma pontual. No porto de Paranaguá, as cotações fecharam com R$ 76,00 no disponível e R$ 77,50 para março/19, com ganhos respectivos de 1,06% e 2,79%. Em Rio Grande, faltam referências. No terminal de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, alta de 2,42% para R$ 76,30.
No interior, boas altas, de mais de 15, foram registradas em Goiás – Jataí e Rio Verde – e no Paraná – Castro e Ponta Grossa. Nas demais praças de comercialização pesquisadas pelo Notícias Agrícolas, os preços permaneceram estáveis, sem alteração, bem como caminham os negócios no país.
Com tantas variáveis em aberto, a comercialização irá exigir muito planejamento e cautela por parte dos produtores, principalmente nas operações feitas a curto e médio prazos.
Veja mais na entrevista dos diretores da ARC Mercosul, Matheus Pereira e Tarso Veloso, ao Notícias Agrícolas nesta teeça-feira:
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