Soja: Cautela sobre o clima limita ritmo de vendas no Brasil; mercado lento nesta 5ª feira
Sem a referência da Bolsa de Chicago – que não opera em função do feriado da Ação de Graças nos EUA -, e mais a oscilação tímida do dólar frente ao real, o mercado brasileiro da soja está parado nesta quinta-feira (24). No entanto, as referências nos portos nacionais – principalmente Rio Grande e Paranaguá – hoje, mesmo que em um mercado apenas ‘nominal’, ainda variam perto de R$ 85,00 a R$ 86,00, com referência na entrega maio e pagamento julho 2017.
“E o mercado ainda tem fôlego para pagar mais amanhã, cerca de R$ 1,00 acima dos preços de hoje, com Chicago voltando do feriado trazendo boas notícias para encarar o final de semana”, explica o consultor Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. Com esses níveis nos portos, ainda segundo o consultor, os preços no interior do Brasil – nas principais regiões produtoras – supera os R$ 70,00 e remunera o produtor neste momento.
Ainda assim, como relata, os negócios estão parados e os produtores aguardam pelas novidades para voltar a participar do mercado, fazendo novas vendas. Ontem, com a boa alta do dólar de mais de 1% e mais as cotações atrativas de Chicago – que somam 50 pontos de alta desde a última quinta-feira (17), o ritmo foi melhor e bons negócios foram concluídos em quase todas as regiões produtoras. No Rio Grande do Sul, por exemplo, onde a comercialização está um pouco mais atrasada, os sojicultores aproveitaram o momento e travaram parte de sua produção.
Mesmo com um cenário mais favorável para a comercialização que parece começar a se estabelecer para a soja do Brasil, o produtor também limita seu ritmo de vendas diante das incertezas sobre o clima para esta safra, principalmente após as perdas ocasionadas pelo El Niño na temporada 2015/16. Muitos sojicultores sofreram prejuízos severos no ano passado e já tinham travado boa parte de sua safra, o que os impediu de cumprir alguns contratos.
“É uma postura lógica do produtor, que recua diante da possibilidade de que a produção se perca. Por outro lado, como ele também já esperou bastante tempo, agora, diante de um fato que pode culminar em uma perda e levar a uma elevação dos preços, o produtor observa para ver o que vai acontecer”, explica Camilo Motter, economista e analista de mercado da Granoeste Corretora de Cereais.
Segundo Motter, há avaliações que indicam que haja cerca de 30% a 35% da área brasileira da soja – com estados de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, partes do Mato Grosso do Sul e São Paulo, sob risco climático nessa safra, área que estaria no foco do La Niña. “Esse é um ano em que o produtor plantou um volume maior de ciclo precoce, tivemos um clima bastante frio nos últimos dias para essa época do ano e isso também dá uma segurada no desenvolvimento. Então, ciclo precoce, clima frio e agora quente e seco, precisamos ver se haverá danos”, diz.