Soja: Com influência do financeiro e vendas de fundos, Chicago fecha com mais de 10 pts de baixa
Na sessão desta terça-feira (23), os preços da soja fecharam os negócios com baixas de mais de 10 pontos na Bolsa de Chicago. Os fundos de investimento foram às vendas e pesaram sobre as cotações de forma bastante severa, fazendo com que os preços perdessem alguns patamares importantes, segundo explicaram analistas nacionais e internacionais.
A primeira posição – março/16 – fechou o dia valendo US$ 8,69 por bushel, após terminar o pregão anterior acima dos US$ 8,80, enquanto o maio/16, referência para a safra do Brasil, foi a US$ 8,73. Os contratos mais distantes, que na segunda foi acima dos US$ 8,90, terminaram o dia com US$ 8,79 para o julho/16 e com US$ 8,80 no agosto/16.
Além dos futuros dos grãos, os futuros do farelo e do óleo de soja também perderam força e as baixas para os derivados atuaram como catalisadores para o recuo do complexo de uma forma geral. As perdas superaram 1%.
“A pressão de venda é maior no óleo, que recua mais de 1% nesta terça-feira, rompendo pontos técnicos importantes como a média móvel de 21 dias. O quarto pregão seguido de queda nos futuros do óleo de palma pressionam o cenário dos óleos vegetais”, explicam os executivos da Agrinvest Commodities. “Fundos são fortes vendedores na CBOT, buscando reduzir a posição comprada em mais de 46 mil contratos de óleo de soja”, completam.
O mercado da soja acompanhou as baixas registradas pela maioria das commodities nesta terça-feira, com uma maior aversão ao risco novamente tomando conta do mercado financeiro global, que ainda sofre com a falta de um horizonte bem definido em importantes economias do globo como China – e seu nível de crescimento ou o novo modelo que será adotado daqui em diante – ou Estados Unidos – e o futuro da sua taxa de juros.
Nesse quadro, os futuros do petróleo, por exemplo, cederam mais de 4% em Nova York, enquanto na contramão, o dólar e o ouro, ativos que são como uma fuga para os investidores em momentos como esse, subiam. No caso do ouro, as altas passavam de 1%. Já a moeda norte-americana frente ao real buscava recuperar o patamar dos R$ 4,00.
Assim, no Brasil, o mercado teve mais um dia em que duas forças opostas atuaram sobre as cotações. Enquanto Chicago pesou sobre os negócios e limitou seu movimento, a moeda norte-americana terminou o dia com ligeira alta e compensou, pelo menos uma pequena parte dessas baixas.
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No porto de Rio Grande, a soja disponível encerrou a terça-feira estável nos R$ 79,00 por saca e, no de Paranaguá, o último preço foi de R$ 78,00, também estável. Já a soja da nova safra subiu 0,12% para R$ 81,10 no terminal gaúcho, enquanto permaneceu em R$ 78,00 por saca no paranaense.
Fundamentos
Para analistas internacionais, as baixas registradas nesta terça-feira em Chicago têm peso ainda do fortalecimento de alguns fundamentos, entre eles a conclusão da safra da América do Sul. “Depois de quatro meses de espera, temos, finalmente, a certeza de grandes safras sulamericanas. Além disso, o mercado ainda vêm a desvalorização do peso, na Argentina, trazendo oportunidades de venda para o produtor local”, disse um trader em condição de anonimato em entrevista ao portal internacional Agriculture.com.
Ainda entre os fundamentos, se intensificam também as especulações sobre a nova safra dos Estados Unidos, principalmente sobre a área de plantio tanto da soja quanto do milho, na medida em que se aproxima o Agricultural Outlook Forum do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). O evento é um dos mais importantes do ano já que traz, oficialmente, algumas das primeiras estimativas para a nova safra e pode mexer com o mercado.
A agência Bloomberg divulgou, nesta terça-feira (23), suas expectativas para os dados e aponta um ligeiro aumento tanto da área que seria cultivada com soja quanto com milho no país.
A decisão dos produtores, no entanto, têm esbarrado na relação dos custos de produção com os baixos preços têm sido praticados, para ambas as culturas, no mercado internacional. Sobre a soja, a pesquisa estima um aumento da área plantada nos EUA em 0,7% em relação à temporada 2014/15 e passando de 33,47 milhões para 33,71 milhões de hectares.
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