Soja: Com vendas de mais de 3 mi de t nas últimas duas semanas, preços seguem fortes

O Brasil teve mais um dia de bons negócios no mercado da soja nesta quinta-feira (15) mesmo diante das baixas intensas registradas pelos futuros da oleaginosa na Bolsa de Chicago e da correção do dólar. Os prêmios forte, acima dos 120 pontos sobre as cotações da CBOT e com a demanda intensa pelo produto brasileiro. Somente hoje foram mais de 300 mil toneladas, mas entre a semana passada e esta, o Brasil já vendeu mais de 3 milhões de toneladas.
Os preços nos portos do país ainda variam, para a safra velha, entre R$ 85,50 e R$ 86,50 por saca, com alguns vendedores buscando até os R$ 87,00 nas posições ligeiramente mais distantes como final de setembro e início de outubro.
“Temendo que não haja oferta mais adiante e evitando depender dos EUA, porque sabem que a guerra comercial ainda vai longe, os compradores estão entrando forte no mercado brasileiro para garantir sua soja. Estão fixando em reais e fazendo suas posições”, explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.
Ainda de acordo com o executivo, o Brasil teria cerca de apenas 3 milhões de toneladas de soja que ainda poderiam ser comprometidas com a exportação, um volume bastante ajustado diante de uma demanda tão aquecida. “Poderemos ter um problema de abastecimento e, talvez, até que importar alguma coisa no final do ano”, diz.
E o produtor brasileiro está aproveitando o momento e as oportunidades, fazendo bons negócios neste cenário. Somente esta semana, segundo números levantados pelo SIMConsult, a China comprou 20 navios de soja do Brasil, mostrando que sua demanda está de fato concentrada por aqui.
Ao mesmo tempo, o boletim semanal de vendas para exportação divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe novos “cancelamentos” por parte da China, mostrando que de fato eles estão evitando o mercado norte-americano.
O saldo da semana para a temporada 2018/19 foi de 109,9 mil toneladas canceladas. Mais conhecido como um movimento chamado de ‘washout’, tais cancelamentos podem ser rolagens de posições somente.
Entenda:
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E esses dois movimentos combinados também ajudaram a pressionar as cotações na Bolsa de Chicago nesta quinta-feira. O mercado internacional encerrou o pregão com perdas de pouco mais de 7 pontos nos principais contratos, com o novembro sendo cotado a US$ 8,70 por bushel, enquanto o março/20 foi a US$ 8,97.
“Essa agitação no mercado brasileiro, muitos negócios, bom fluxo e os poucos negócios acontecendo nos Estados Unidos foram fatores de pressão sobre Chicago neste pregão. O mercado observa isso também”, explica o consultor da Brandalizze Consulting.
DÓLAR
Nesta quinta-feira, o dólar caiu forte e registrou, segundo a Reuters, sua baixa mais intensa em um mês com o anúncio do Banco Central de vendas de reservas. A divisa perdeu 1,24%, para fechar em R$ 3,9903.

“O dólar registrou nesta quinta-feira a maior queda diária em um mês, caindo abaixo da marca de 4 reais, com investidores ajustando o preço do câmbio diante da perspectiva de injeção direta de liquidez dentro do novo modelo de atuação do Banco Central (…)
A moeda norte-americana já começou o pregão em baixa e chegou a anular a queda em dois momentos, mas na parte da tarde firmou alívio conforme os mercados externos melhoraram o sinal, a despeito da persistente incerteza sobre a economia global por causa do embate tarifário entre China e Estados Unidos”, noticiou a agência.
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MORRISTOWN, EUA (Reuters) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quinta-feira acreditar que a China deseja fechar um acordo comercial e que a guerra tarifária com Pequim será relativamente curta.
“Acho que estamos tendo boas discussões com a China. Eles querem muito fazer um acordo”, disse Trump a jornalistas.
“Acho que quanto mais tempo dura mais forte ficamos”, disse Trump sobre a guerra comercial. “Tenho a sensação de que (a guerra comercial) vai ser relativamente curta”, disse ele.
Beijing, 15 ago (Xinhua) — O banco central da China continuou injetando dinheiro no sistema financeiro nesta quinta-feira através de operações no mercado aberto para manter a liquidez no mercado.
O Banco Popular da China (BPC) conduziu 30 bilhões de yuans (US$ 4,27 bilhões) de recompras reversas de sete dias, um processo no qual o banco central compra títulos dos bancos comerciais através de licitação, com um acordo para vendê-los de volta no futuro.
A taxa de juros para a operação se manteve em 2,55%, disse o BPC em um comunicado.
Nenhum acordo de recompra reversa terá vencimento nesta quinta-feira.
Além disso, o BPC injetou nesta quinta-feira 400 bilhões de yuans no mercado via facilidade de empréstimos de médio prazo (MLF, na sigla inglesa), uma ferramenta introduzida em 2014 para ajudar os bancos comerciais e de política a manterem liquidez, permitindo que obtenham empréstimo do banco central usando valores mobiliários como garantia.
A operação acumulou 383 bilhões de yuans de empréstimos da MLF até quinta-feira, e realizou injeção de disponibilidade líquida para o prazo médio e longo, segundo Ming Ming, analista da CITIC Securities.
Os fundos vencerão em um ano a uma taxa de juros de 3,3%.
A China prometeu manter sua política monetária prudente “nem muito rigorosa nem muito frouxa” e fará ajustes de forma oportuna e moderada, disse o banco central na sexta-feira passada, acrescentando que o país não recorrerá a políticas de estímulo no estilo de inundação.