Soja fecha com mais de 20 pts de queda em Chicago com pressão dos fundos nesta 5ª feira

Os preços da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam o dia com mais de 20 pontos de baixa na sessão desta quinta-feira (5). “A necessidade para a realização de lucros por parte dos fundos foi bastante intensa”, diz o analista de mercado Mário Mariano, da Novo Rumo Corretora. O vencimento julho/16, o mais negociado neste momento, encerrou o pregão com US$ 10,11 por bushel.
O analista ressaltou que a atuação desses fundos permanece agitada e ainda bastante presente no mercado de commodities, e que baixas como estas vêem mesmo diante de fundamentos positivos que seguem direcionando as cotações, como as elevadas vendas semanais para exportação dos EUA reportadas nesta quinta pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
Na semana encerrada em 28 de abril, foram vendidas 1.245,8 milhão de toneladas – entre safras 2015/16 e 2016/17 -, enquanto as projeções dos traders oscilavam entre 600 mil e 1 milhão de toneladas.
“Isso mostra que a demanda ainda está nos Estados Unidos, e isso é bom para os preços”, afirma Mariano. “Porém, precisaremos de novos volumes de vendas nos EUA – além de informações ainda sobre as perdas na América do Sul ou sobre a nova safra dos Estados Unidos – para que o mercado possa retomar suas altas, como as vistas nas últimas sessões. Caso contrário, realizações como esta, com eventuais vendas dos fundos, poderão continuar acontecendo”, completa.
As especulações sobre as reais perdas dessa temporada no país provocaram, nas últimas semanas, uma onda de vendas por parte desses fundos. E trabalham ainda com a nova safra dos EUA e as incertezas que elas inspiram dado o fato de que os trabalhos de campo estão apenas sendo iniciados para a soja. De acordo com o USDA, até o último domingo (4), a semeadura estava concluída em 8% da área. Novos números serão reportados na próxima segunda-feira, 9 de maio.
E como explica Camilo Motter, analista de mercado e economista da Granoeste Corretora, as atuais condições climáticas no Meio-Oeste americano são favoráveis e também pesam sobre o mercado. Além disso, há ainda uma alta do dólar no mercado internacional, que também atuou como fator negativo para os futuros da oleaginosa neste pregão.

“Depois de um começo promissor, com os preços em alta pelos bons números de exportações, o mercado da soja acabou sucumbindo à vendas técnicas e fechou com perdas acentuadas nos futuros de Chicago nesta quinta-feira. A firmeza do dólar diante de importantes moedas e as perspectivas de clima adequado para a evolução do plantio das lavouras norte-americanas também se somaram à pressão negativa desta jornada” explica.
No Brasil
Nesta quinta-feira, os vendedores voltaram a se retrair no Brasil. Ao lado do intenso recuo das cotações em Chicago, o dólar também apresentou uma clara falta de direção, registrando uma nova sessão de volatilidade e tirando a segurança dos produtores, portanto, para novos negócios. Entretanto, os preços no interior e nos portos do país não caíram de forma tão severa como o que foi observado no mercado internacional.
“Novamente, com a fragilização das indicações de compra, os vendedores se mantiveram recuados, deixando o mercado praticamente paralisado”, relata Motter. No Oeste do Paraná, por exemplo, ainda de acordo com um levantamento da Granoeste Corretora de Cereais, os indicativos de preços variavam entre R$ 77,00 e R$ 78,00 por saca. As oscilações vinham de acordo com os momentos do dia, o local do embarque e o prazo de pagamento.
Em Paranaguá, a soja disponível foi a R$ 83,00, perdendo 2,35% e, em Rio Grande, a baixa foi de 3,49% para alcançar os mesmos R$ 83,00 por saca. Já no mercado futuro, R$ 85,00 no terminal paranaense, perdendo 1,16%, e R$ 86,00 no gaúcho, onde caiu 2,27%.