Soja: Preços nos portos do Brasil pegam carona nas altas de Chicago e sobem nesta 2ª

O mercado internacional da soja fechou a sessão desta segunda-feira (6) em campo positivo. Os futuros da oleaginosa negociados na Bolsa de Chicago chegaram a registrar, ao longo do pregão, ganhos de mais de 10 pontos entre as posições mais negociadas, mas amenizaram os ganhos no final dos negócios. Ainda assim, o vencimento maio/17, que serve como indicativo para a safra do Brasil, se manteve acima dos US$ 10,45 por bushel.
Em seu boletim diário, direto de Chicago, a consultoria AGResources informa que os compradores chineses voltam com peso ao mercado. A sessão noturna da madrugada de segunda-feira trouxe um incrível volume de negociações para soja. Com mais de 30 mil contratos de soja (março) operados. Um recorde desde meados à colheita dos EUA (set-nov). Com base nos estudos da ARC Brasil, a projeção de exportação da soja brasileira para fevereiro continua oferecendo um total muito acima da média e do ano passado. Segundo as filas de embarques atualizadas e os navios programados para chegar aos portos do Brasil, o país poderá embarcar quase 6 MTs de soja durante o mês. Além do mais, as exportações de soja norte-americana também se mantêm aquecidas (dada época do ano, com 1,6 MTs). A demanda mundial por soja é robusta, o que tem contrabalanceado o aumento da oferta em pleno progresso de colheita brasileira, dando sustento aos preços em Chicago.
Segundo explica o analista de mercado da consultoria brasileira AgRural, Adriano Gomes, os fundamentos voltam para o centro das negociações neste início de semana e entre eles, ganharam força a demanda pela soja norte-americana e das incertezas sobre a safra da América do Sul, em especial da Argentina. Ao mesmo tempo, o mercado também já começa a se ajustar – depois das baixas da última semana – para a chegada do novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Undos) no próximo dia 9 de fevereiro.
Sobre a demanda, Gomes destaca os bons números dos embarques norte-americanos reportados nesta segunda também pelo USDA, os quais ficaram acima das expectativas do mercado ao somaram 1.635,714 milhão de toneladas, enquanto os traders esperavam algo entre 900 mil e 1,2 milhão de toneladas. No acumulado da temporada, os embarques norte-americanos de soja já somam 40.428,675 milhões de toneladas, contra 34.261,895 milhões do mesmo período da safra passada.
E lembra ainda que as vendas dos EUA desta temporada 2016/17 já somam pouco mais de 50 milhões de toneladas, contra 40 milhões do mesmo período da safra anterior e uma média dos últimos cinco anos de cerca de 35 milhões.
Enquanto a demanda se mantém aquecida e crescente, o analista afirma ainda que já há rumores no mercado de que o USDA poderia, em seu reporte da próxima quinta-feira, fazer um corte de aproximadamente 2,7 milhões de toneladas na safra da Argentina, após os problemas ocasionados pelo excesso de chuvas no país. O mês de janeiro foi extremamente chuvoso e os reais prejuízos ainda estão sendo contabilizados. “A Argentina, com esse corte, se confirmado, mexe de novo com o mercado”, diz.
Mercado Brasileiro
Para a formação dos preços no Brasil, o dólar ainda segue como principal empecilho. Neste início de semana, a moeda norte-americana seguiu atuando com estabilidade frente ao real e fechou com uma pequena alta de 0,08%, cotada a R$ 3,1260. “O dólar tem atrapalhado a conta do produtor. Com algo entre R$ 3,35 / R$ 3,40, veríamos os preços em patamares bem melhores no interior e nos portos”, diz o analista da AgRural.

Leia mais:
>> Dólar fecha praticamente estável ante real
Assim, nas principais praças do interior do país, as referências fecharam o dia também com estabilidade e quase nenhuma mudança em relação à última sexta-feira (3). As exceções ficaram por conta de Cascavel e Londrina, ambas no Paraná, com uma ligeira baixa de 0,77% para R$ 64,50 por saca, e em Castro, no mesmo estado, onde o preço subiu 1,40% para R$ 72,50.
Já nos portos, as altas registradas em Chicago foram melhor absorvidas e os indicativos encerraram os negócios registrando alguns ganhos. No terminal de Rio Grande, o preço da soja disponível foi a R$ 74,00, subindo 1,31%, enquanto a referência para junho fechou com R$ 77,50 e alta de 1,36%. Em Paranaguá, R$ 74,50 em ambos os casos e ganho de 0,68%.
No link abaixo, confira os preços completos desta segunda-feira:
>> COTAÇÕES DA SOJA
“A orientação é de que os produtores façam, sempre, uma parte antecipado e, na sequência, vão escalonando suas vendas para conseguir uma boa média”, conclui Adriano Gomes.