Soja: Produtor brasileiro passa a 4ª feira dividido entre altas na CBOT e queda do dólar
O produtor brasileiro de soja, nesta quarta-feira (15), passou o dia dividindo suas atenções entre as boas altas registradas na Bolsa de Chicago – que passaram dos 15 pontos entre as posições mais negociadas – e o câmbio, com o dólar encerrando o dia com quase 1% de baixa, se afastando ainda mais do patamar dos R$ 3,10. Enquanto o contrato maio/17, referência para a safra brasileira, fechou os negócios com US$ 10,71 por bushel, a moeda norte-americana terminou a semana com 0,94% de baixa e cotada a R$ 3,06. Na mínima do dia, a divisa testou os R$ 3,0554.
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Com esses dois fatores, o preço da oleaginosa em reais registrou uma nova rodada de perdas no interior do Brasil e nos portos do país. As baixas em algumas praças do Paraná, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Goiás e Bahia chegaram a variar, segundo um levantamento feito pelo Notícias Agrícolas, de 0,78% a 3,39%. Nos terminais de exportação, Paranaguá foi a R$ 74,00, com perda de 1,33% nas duas referências – disponível e mercado futuro – e, em Rio Grande, terminando a quarta-feira com R$ 74,00 no disponível e R$ 77,00 no mercado futuros, com perdas de 0,54% e 0,52%.
Segundo o diretor da Labhoro Corretora, Ginaldo Sousa, esse é um momento favorável para as cotações da commodity no mercado internacional. Afinal, com as grandes safras que vêm chegando, principalmente da América do Sul – a Labhoro estima mais de 106 milhões de toneladas para o Brasil -, os preços são bastante interessantes. Na outra ponta, porém, a comercialização está travada, principalmente por parte do sojicultor brasileiro.
“Temos uma grande safra, mas uma oferta limitada”, diz Sousa. “O produtor está agora comprometido em cumprir as vendas já feitas e não em fazer novas”, completa. Entretanto, o executivo lembra ainda que, para aquele produtor que puder vender em dólar e contar com um prazo para fixar os preços, essa pode ser uma boa oportunidade. “Preços em Chicago nos US$ 10,60, US$ 10,80 são interessantes. Essa pode ser uma boa estratégia. Agora, em reais, o produtor continua sem querer vender”.
No link abaixo, confira a seleção de preços para esta quarta-feira:
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Altas em Chicago
As boas altas registradas na Bolsa de Chicago nesta sessão foram motivadas, ainda segundo explicam analistas e consultores de mercado, por movimentos ainda especulativos, uma vez que os fundamentos seguem sem novidades e os fundos ainda muito comprados no complexo soja. Eram, como relatou Ginaldo Sousa, 134 mil contratos no grão, 65 mil no farelo e 45 mil no óleo. “Isso é um prato cheio para as altas. E não foi uma alta só para o dia de hoje”, diz.
Do mais, a demanda ainda é o principal esteio das cotações, já que se mantém forte e resiliente, além de ávida pela nova soja que chega ao mercado, e continua dando bons indicadores.
Ainda nesta quarta, os bons números de esmagamento de soja nos EUA reportados pelo NOPA também favoreceram o avanço dos preços na CBOT.
Em janeiro, o esmagamento de soja no país ficou em 4,36 milhões de toneladas. O volume ficou acima da média das estimativas, que era de 4,33 milhões de toneladas, mas dentro do intervalo esperado de 4,27 a 4,41 milhões de toneladas. O total processado, porém, é menor do que o total de dezembro, de 4,41 milhões de toneladas, mas bem acima de janeiro de 2016, de 4,1 milhões de toneladas.