Soja reverte movimento negativo em Chicago e fecha em alta com suporte do trigo e da demanda
A direção para os preços da soja negociados na Bolsa de Chicago mudou no final da sessão desta quinta-feira (13) e a commodity terminou o dia em campo positivo, registrando ganhos mais de 10 pontos nos principais contratos. O vencimento novembro/16, assim, recuperou os US$ 9,50, fechando com US$ 9,56 por bushel, enquanto o maio/17, referência para a safra do Brasil, foi a US$ 9,78. Nas máximas do dia, os contratos bateram em US$ 9,59 e US$ 9,80, respectivamente.
O mercado na CBOT viu os preços subirem diante de um movimento de compras de posições por parte dos fundos investidores, os quais parecem ter deixado de lado a pressão da entrada da nova safra norte-americana, como explica a analista de mercado Andrea Sousa Cordeiro, da Labhoro Corretora. E a movimetação, ainda segundo ela, esteve atrelada ainda ao caminhar dos preços do trigo, que subiram muito forte nesta quinta.
“O trigo subiu muito, com a expectativa por demanda para o produto norte-americano. E o trigo dos EUA é o mais competitivo hoje no mundo para a logística Egito/Arábia Saudita. Assim, com as baixas observadas nesta quarta e quinta, na soja e milho, os fundos voltaram a comprar, apostando numa nova rodada de posições. E o ponto de compra dos fundos foi sequencial com as compras do trigo”, explica.
No entanto, os fundamentos próprios da soja na demanda também foram importantes para o avanço das cotações. Nesta quinta, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) anunciou novas vendas de 246 mil toneladas da oleaginosa em grão – sendo 115 mil para destinos não revelados e 126 mil para a China – e mais 126 mil toneladas de farelo, notícias que foram muito bem recebidas pelo mercado.
E as notícias positivas sobre a demanda não param por aí. Em seu reporte mensal de oferta e demanda divulgado nesta quarta pelo USDA, as exportações norte-americanas da temporada 2016/17 foram revisadas para cima, podendo superar as 55 milhões de toneladas. A mudança acabou sendo mais um fator positivo para os futuros da oleaginosa e ajudou a amenizar a pressão do aumento da safra dos EUA para mais de 116 milhões de toneladas e os estoques finais do país podendo alcançar 9,93 milhões.
Ainda nesta quinta, a Administração Alfandegária da China informou que, em setembro, o país importou 7,19 milhões de toneladas de soja. O volume, apesar de ser 1% menor do que o registrado no mesmo período de 2015, superaram as expectativas do mercado que eram de 6 milhões. Além disso, o volume importado no acumulado do ano comercial, de janeiro a setembro – 61,19 milhões de toneladas – apresenta uma alta de 2,6% em relação ao mesmo intervalo da temporada anterior.
“Acredito que a demanda segue bem firme, bem sustentada, sem nehnhum percalço. E precisamos acompanhar os embarqes nos EUA, agora que a safra nova já está sendo disponibilizada, o que pode resultar em uma aceleração nos embarques”, explica Camilo Motter, economista e analista de mercado da Granoeste Corretora de Cereais.
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Principalmente o volume acumulado das importações chinesas foi muito bem recebido, uma vez que, no quadro geral, as importações e exportações da nação asiática não tiveram um bom desempenho, segundo explicam especialistas. Enquanto o mercado esperava um aumento de 1% nas importações, houve um recuo de quase 2%.
Ainda segundo Andrea, as commodities foram beneficiadas também pela baixa do dollar index nesta quinta-feira. Os ganhos não foram registrados só pela soja, mas milho e trigo subiram forte e terminaram o dia subindo, respectivamente, quase 4% e 5% na Bolsa de Chicago. Em Nova York, os futuros do café, do algodão e do petróleo também encerraram seus negócios em campo positivo. Os futuros do farelo de soja, também negociados em Chicago, encerraram o pregão com altas de mais de 2%. “O recuo [do dólar] contribuiu para uma maior competitividade das commodities. O dólar ficou boa parte do pregão com desvalorização de 0,18% a 0,19% e intensificou sua queda para 0,40%”, diz a analista da Labhoro.
* O reporte semanal de vendas para exportação que é, tradicionalmente, divulgado pelo USDA às quintas-feiras foi adiado, nesta semana, para sexta (14), devido ao feriado de Columbus Day, comemorado na última segunda (11) e quando os órgãos governamentais não trabalharam.
Mercado Interno
Os preços da soja, nesta quinta-feira, registraram novas baixas em algumas das principais praças de comercialização e, nos portos – onde chegaram a perder mais de 1% ao longo do dia – terminaram o dia com estabilidade. Embora as cotações da oleaginosa reverteram o movimento negativo em Chicago e fecharam os negócios com boas altas, o dólar voltou a cair frente ao real, ficando abaixo dos R$ 3,20.
Nas praças do Rio Grande do Sul – Não-Me-Toque e Panambi, baixas de 0,75% e 0,81% – nas do Paraná – Ubiratã, Londrina e Cascavel – queda de 0,76%. Em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o recuo foi mais intenso e passou de 1% em algumas localidades. As referências nos principais estados produtores, portanto, variam ainda entre R$ 65,00 e R$ 75,00 por saca.
O momento, portanto, permanece sendo de ritmo lento para a comercialização da oleaginosa brasileira. “O mercado é típico de entressafra, com poucos vendedores, compradores internos atuando mais para atender o consumo de farelo e óleo. Do lado da safra nova, sem interessados em vender, porque os produtores fizeram bons volumes e nos momentos em que os indicativos estavam fortes entre maio e junho”, explica Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting.