Temer diz que recebeu com ‘serenidade’ investigação de delação

O presidente Michel Temer afirmou nesta segunda (4) que recebeu com “serenidade” a decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de apurar possíveis omissões na delação da JBS, ameaçando inclusive anular a colaboração. “Não falo sobre isso. Realmente, tenho de ter a maior serenidade, como sempre tive. Respeito todas as decisões que forem tomadas, mas não devo falar uma palavra sobre isso”, disse a jornalistas que acompanham sua participação na cúpula do Brics, em Xiamen (China). Questionado sobre como reagiu ao episódio, Temer respondeu: “Com a serenidade de sempre, não houve uma alteração sequer. Se eu não tivesse essa serenidade desde o início, creio que ninguém suportaria o que aconteceu.” O peemedebista ressaltou ainda que quem tratará do assunto a partir de agora será seu advogado, Antônio Mariz de Oliveira. O presidente foi avisado às 19h por sua assessoria no Palácio do Planalto sobre a abertura de investigação para apurar indícios de omissão de informações sobre crimes no processo de negociação do acordo de delação. REVIRAVOLTA Segundo assessores e aliados, ele considerou o episódio uma espécie de reviravolta e avaliou que arrefece a crise política e as acusações feitas pelo empresário Joesley Batista contra ele. Com a decisão, a estratégia que foi esboçada pelo peemedebista, no quarto do hotel em Xiamen, é de que é hora de evitar críticas a Janot e adotar um tom evasivo, o que foi reproduzido em sua declaração. O objetivo é evitar que um confronto possa levar o procurador-geral a apresentar nova denúncia contra o presidente mesmo que não concluída a investigação. Janot assinou portaria que instaura um procedimento de revisão dos acordos de três de sete executivos do grupo: Joesley Batista, um dos donos do frigorífico, Ricardo Saud e Francisco de Assis. O problema surgiu, segundo Janot, após os delatores da JBS entregarem à PGR (Procuradoria-Geral da República), na semana passada, novas gravações de áudio. Em uma delas, uma conversa de cerca de quatro horas entre Joesley e Saud –que não sabiam que estavam se gravando–, há indícios de crimes cometidos por agentes da PGR e do STF (Supremo Tribunal Federal). A gravação foi feita provavelmente em 17 de março, dez dias depois de Joesley ter gravado o presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu e dias antes de assinar o acordo com a PGR. ÍNTEGRA DO DESPACHO DE JANOT VEJA A ÍNTEGRA DO DESPACHO DE JANOT