Um ano depois de retorno, Thiago Silva consolida prestígio na seleção
Ele conheceu o sucesso e as críticas na seleção. Antes da última Copa do Mundo, foi titular incontestável, referência na posição e capitão do time brasileiro. Após o Mundial de 2014, o zagueiro Thiago Silva foi apontado como um dos responsáveis pelo fracasso da equipe, falhou mais uma vez na Copa América de 2015 e acabou esquecido por Dunga. Um ano após ser convocado pela primeira vez pelo técnico Tite, o defensor do Paris Saint-Germain volta, enfim, a se firmar na seleção. Nesta quinta (5), o carioca de 33 anos fará a sua segunda partida consecutiva como titular. Em La Paz, Silva formará a dupla de zaga com Miranda no confronto contra a Bolívia, a partir das 17h (de Brasília). Com apenas uma derrota, o Brasil lidera as eliminatórias sul-americanas, com 37 pontos, e foi o primeiro a garantir dentro de campo a vaga para a Copa da Rússia. No empate com a Colômbia, no mês passado, Thiago substituiu Miranda, lesionado. Agora, Tite decidiu colocá-lo na vaga de Marquinhos. Com três zagueiros em boa fase em seus times, o técnico prefere deixar em aberto a definição dos defensores titulares e faz um revezamento. “É preciso prepará-los [os zagueiros]. É uma questão de inteligência. Precisamos pensar em circunstâncias como lesão e cartão”, afirmou o treinador. A zaga brasileira é a menos vazada nas eliminatórias. Sofreu apenas 11 gols. A primeira partida do ex-capitão da seleção com Tite foi em novembro. Ele entrou no lugar de Miranda, que se machucou no segundo tempo do clássico contra a Argentina, no Mineirão. O Brasil venceu por 3 a 0. Em março, entrou novamente no lugar de Marquinhos, que se lesionou na vitória contra o Paraguai, por 3 a 0, no Itaquerão. Em junho, foi titular nos dois amistosos realizados na Austrália –a derrota para a Argentina, por 1 a 0, e a goleada imposta aos donos da casa, por 4 a 0. Apesar de estar retomando o seu espaço aos poucos na seleção, Thiago Silva é visto com desconfiança por parte dos torcedores. Dois episódios marcaram a sua carreira na equipe. O primeiro foi a reação do defensor na disputa de pênaltis contra o Chile, nas oitavas de final da Copa de 2014. Capitão da equipe, ele pediu para não bater e chorou compulsivamente no gramado após a vitória no Mineirão. Um ano depois, cometeu um pênalti ao colocar a mão na bola na partida contra o Paraguai, pelas quartas de final da Copa América. No lance seguinte, os adversários empataram o jogo e eliminaram o Brasil na disputa de pênaltis. Mesmo com os tropeços no Mundial de 2014 e na Copa América, Tite sempre quis trabalhar com o atleta na seleção. Ele ficou fora da primeira convocação da era Tite por causa de uma contusão. O treinador não cansa de elogiá-lo. No seu retorno à seleção, em outubro de 2016, Tite conversou com o jogador e disse que lhe daria tranquilidade para trabalhar. O zagueiro não escondia o desconforto com o período em que ficou fora da equipe, entre 2015 e 2016. Ao retornar, disse que o recomeço na seleção era um dos maiores objetivos que tinha na vida. Desde então, o prestígio do zagueiro com o treinador só fez crescer. Em junho, Silva ganhou a braçadeira de capitão no amistoso contra a Argentina, em Melbourne, na única derrota sob comando de Tite até o momento. Além de ser admirado pelo treinador, o zagueiro conta com outro aliado poderoso: o atacante Neymar. Os dois são companheiros no Paris Saint-Germain e estão sempre juntos. Com o prestígio em alta, Silva está praticamente garantido no Mundial da Rússia, país onde morou no início da carreira. Lá, em 2005, ele atuou no Dínamo de Moscou e ficou cinco meses internado em um hospital por causa de uma tuberculose. Agora, ele espera voltar ao país para disputar a sua terceira Copa do Mundo –foi reserva na África do Sul-2010. TIME TEME ALTITUDE Garantida na Copa, a seleção tenta acabar neste quinta (5) com jejum de 20 anos na altitude boliviana. O ar rarefeito em La Paz é temido pelos jogadores. Alguns sentem dor de cabeça e enjoo. Na capital boliviana, o Brasil é freguês dos donos da casa, que só disputaram um Mundial, em 1994, nos EUA. Na história dos confrontos pelas eliminatórias, a seleção só venceu uma vez na cidade, a 3.600 m de altitude: em 1981. Com Telê Santana, o Brasil ganhou por 2 a 1, gols de Sócrates e Reinaldo. Até as equipes campeãs mundiais em 1994 e 2002 sucumbiram à altitude de La Paz nas eliminatórias. Em 1993, o Brasil perdeu por 2 a 0 –foi a primeira derrota da seleção na história do torneio classificatório. Nas últimas três partidas pelas eliminatórias, a seleção perdeu duas e empatou uma. Foram sete confrontos na capital boliviana, com quatro derrotas, um empate e duas vitórias brasileiras. A segunda e última vitória foi na final da Copa América de 1997. Para minimizar o efeitos da altitude, a seleção dormiria em Santa Cruz de La Sierra, cidade com altitude de 460 m –mais baixa que São Paulo. ELIMINATÓRIAS PARA RÚSSIA – Vagas Na manhã desta quinta, a delegação embarca de avião para a capital boliviana. A ideia da comissão técnica é permanecer em La Paz por seis horas. Segundo os médicos da seleção, os efeitos da altitude são menores em caso de pouca exposição. Tite também pediu para os jogadores tentarem manter a posse de bola e evitar entrar na correria dos adversários. Em La Paz, o volante Casemiro será o capitão. O treinador vai escalar Philippe Coutinho e Alex Sandro. Coutinho jogará no lugar de Willian e Alex Sandro entra na vaga de Filipe Luís, cortado por lesão. NA TV Bolívia x Brasil 17h TV Globo e SporTV