Wim Wenders abre Festival de San Sebastián com filme sobre terrorismo

“Submergence”, uma peculiar história de amor do veterano cineasta alemão Wim Wenders, abriu na sexta-feira (22) a 65ª edição do Festival de San Sebastián, onde o brasileiro “Arábia”, de Affonso Uchoa e João Dumans, disputa o Prêmio Horizontes com o chileno “Uma Mulher Fantástica”, de Sebastián Lelio. O filme do consagrado diretor alemão, três vezes indicado ao Oscar, inaugurou a disputa pela Concha de Ouro, o principal da mostra, disputado entre 18 longa-metragens no festival basco, que distribuirá os prêmios em 30 de setembro. Parte história romântica, parte thriller ambientalista, “Submergence” conta a saga de uma cientista, interpretada pela sueca Alicia Vikander, que busca comprovar a origem da vida nas profundezas do mar, quando conhece, por acaso, um espião que combate o extremismo islâmico, interpretado pelo escocês James McAvoy (“X-Men”, “O Último Rei da Escócia”). “É uma história romântica, construída de forma intelectual”, explicou Vikander, ganhadora em 2016 do Oscar de melhor atriz coadjuvante pelo filme “A Garota Dinamarquesa” e que substituirá Angelina Jolie no papel da heroína de videogames Lara Croft no cinema. Aos 28 anos, a atriz multifacetada aglutinou os flashes na sexta-feira no tapete vermelho de San Sebastián (norte da Espanha), por onde desfilarão astros e estrelas como Glenn Close, Arnold Schwarzenegger, Antonio Banderas, Penélope Cruz, Javier Bardem e Monica Bellucci. “Uma Especie de Familia”, uma coprodução entre Brasil, Argentina, Polônia e França, sob direção do argentino Diego Lerman, também está na seção oficial na disputa pela Concha de Ouro. Na seção Horizontes Latinos, destinada a promover longas-metragens produzidos em parte ou totalmente na América Latina, ou dirigidos por cineastas latinos, o brasileiro “Arábia” concorre com “Uma Mulher Fantástica” e outros dez filmes ao prêmio de 35 mil euros. TERRORISMO Filmado em locações da Europa até o Djubuti -“o mais próximo que conseguimos chegar da Somália”, onde realmente ocorre parte da ação, explica Wenders-, “Submergence” tenta abordar o tema do terrorismo de uma forma séria e sem preconceitos, segundo o diretor de “Paris, Texas” e “Buena Vista Social Club”. “Parte do problema é criado por nossa própria civilização (…) e tem a ver com o desequilíbrio entre pobres e ricos”, destacou Wenders. “Declarar guerra ao terrorismo em 2001 foi o melhor que pôde acontecer aos grupos terroristas, realmente criamos um monstro”, afirmou. “Esperamos ver filmes maravilhosos e nos sentimos felizes de estar aqui”, disse o ator e diretor americano John Malkovich, presidente do júri da seção oficial, na festa de abertura da mostra, quando o diretor finlandês Aki Kaurismaki foi homenageado. PRESENÇA LATINA Presente em todas as seções do festival, a América Latina foi representada na abertura da mostra com a exibição de “Uma Mulher Fantástica”, candidato chileno ao Oscar e ao Goya (prêmio máximo do cinema espanhol), que conta a história da transgênero Marina, uma garçonete e aspirante a cantora sobre quem recaem todas as suspeitas quando seu namorado morre repentinamente. Além de continuar apoiando a América Latina na seção Cinema em Construção, que financia a finalização de filmes para que cheguem aos cinemas, o festival entregará o prêmio honorário Donostia a um dos atores imprescindíveis da filmografia regional, o argentino Ricardo Darín. Ao lado de Darín, que aproveitará a oportunidade para apresentar seu último filme, “La Cordillera”, em que interpreta um presidente argentino, serão homenageadas as trajetórias da atriz italiana Monica Bellucci e da cineasta francesa Agnès Varda. O festival apresentará uma novidade: pela primeira vez estreará um filme produzido pela plataforma digital Netflix, “Fe de Etarras”, assim como duas séries de TV, uma delas do espanhol Alberto Rodríguez (“La isla mínima”).